Diversificar uma carteira de investimentos é uma das estratégias mais eficazes para reduzir o risco e aumentar o potencial de retorno ao longo do tempo.
A diversificação envolve alocar o capital em diferentes tipos de ativos e setores, de forma a minimizar o impacto negativo de uma eventual queda num investimento específico.
Salientamos que este artigo não pretende, nem é aconselhamento financeiro, no entanto baseado na nossa pesquisa e experiência iremos explorar o conceito de diversificação, os tipos de ativos em que se pode investir e as melhores práticas usamos montar a nossa carteira de forma equilibrada e eficiente.
O Que é Diversificação?
Diversificação é o processo de distribuir os investimentos entre diferentes ativos, como ações, obrigações, fundos de investimento, imobiliário, e outros.
O objetivo é reduzir a exposição ao risco ao não depender de um único ativo ou setor para obter retorno. Em vez disso, uma carteira diversificada permite que os ganhos de uns investimentos compensem eventuais perdas em outros investimentos.
Por exemplo, se uma carteira tiver apenas ações de uma empresa tecnológica e esse setor sofrer uma crise, o impacto será negativo e direto no rendimento total. Contudo, se essa mesma carteira tiver ações de diferentes setores (como saúde, energia, tecnologia e indústria), bem como outros tipos de ativos (obrigações e fundos imobiliários), o risco é muito menor diluindo alguma eventual perda.
Vantagens de Diversificar a Carteira de investimentos
A diversificação traz várias vantagens que podem beneficiar os investidores ao longo do tempo:
1. Redução do Risco: Ao investir em diferentes ativos, o investidor minimiza o risco associado a eventos negativos específicos de um setor ou ativo.
2. Estabilidade nos Rendimentos: Como diferentes ativos têm diferentes padrões de retorno, a diversificação ajuda a equilibrar os rendimentos ao longo do tempo, mesmo em períodos de grande volatilidade.
3. Potencial de Retorno Ajustado ao Risco: Uma carteira diversificada permite obter um retorno ajustado ao nível de risco escolhido, o que é importante para investidores com diferentes perfis de risco.
4. Proteção Contra a Inflação: Certos ativos, como ações e imóveis, tendem a valorizar-se com o tempo, ajudando a proteger o capital contra a perda de valor causada pela inflação.
Agora que conhecemos as vantagens da diversificação, vamos perceber como começar a montar uma carteira diversificada.
Passo 1: Conheça o Seu Perfil de Investidor
O primeiro passo para construir uma carteira diversificada é entender o seu perfil de investidor. Em geral, existem três perfis principais:
– Conservador: Prioriza a segurança e prefere ativos de baixo risco, mesmo que o retorno seja menor.
– Moderado: Está disposto a aceitar algum nível de risco em troca de um retorno potencialmente maior.
– Agressivo: Tolera altos níveis de risco, visando maximizar os retornos, mesmo que isso implique maior volatilidade.
Saber qual é o seu perfil é essencial para definir o nível de risco que está disposto a aceitar e escolher a melhor combinação de ativos.
Passo 2: Estabeleça Objetivos de Investimento
Definir objetivos financeiros claros é essencial para uma estratégia de diversificação. Os objetivos podem incluir:
– Reforma: Planear para a reforma exige uma carteira de longo prazo que ofereça crescimento estável.
– Aumentar o Património: Para quem quer fazer o dinheiro crescer rapidamente, pode fazer sentido incluir ativos mais voláteis.
– Comprar uma Casa: Um objetivo de médio a longo prazo que requer uma carteira que equilibre segurança e crescimento.
Quanto mais claros forem os objetivos, mais fácil será diversificar de forma eficaz.
Passo 3: Escolha os Tipos de Ativos para Diversificar
Existem vários tipos de ativos para compor uma carteira diversificada. Cada um deles tem características específicas e uma função na diversificação.
1. Ações
As ações representam uma fração da propriedade de uma empresa. Historicamente, as ações oferecem retornos superiores a longo prazo, mas também são mais voláteis. Investir em diferentes setores e regiões geográficas ajuda a diversificar a carteira de ações e reduz a exposição ao risco específico de um setor ou mercado. No entanto as ações não são todas iguais.
– Ações de Empresas Grandes: Geralmente, são mais estáveis e menos voláteis.
– Ações de Crescimento: Empresas em expansão que reinvestem lucros para aumentar o valor das suas ações, mas são mais voláteis. Um bom exemplo são ações de empresas tecnológicas como a Meta (dona do Facebook, whatsapp, Instagram).
– Ações Internacionais: A diversificação geográfica reduz o impacto de eventos económicos locais. Um evento específico pode não afetar ações de outra área geográfica embora com a globalização isso é cada vez mais difícil.
2. Obrigações
As obrigações são títulos de dívida emitidos por empresas ou governos. Ao investir em obrigações, o investidor empresta dinheiro ao emissor em troca do pagamento de juros periódicos e do valor principal no final do prazo. As obrigações são, em geral, menos voláteis do que as ações e oferecem uma fonte de rendimento estável, o que é ideal para investidores conservadores ou para equilibrar uma carteira.
Obrigações do Tesouro: São títulos emitidos pelo governo, geralmente com risco muito baixo.
Obrigações Corporativas: Emitidas por empresas, apresentam um risco maior do que as obrigações do governo, mas também podem oferecer rendimentos mais elevados.
3. Fundos de Investimento
Os fundos de investimento reúnem recursos de vários investidores para comprar uma carteira diversificada de ativos. Ao investir em fundos de investimento, o investidor ganha exposição a uma variedade de ativos, como ações, obrigações ou imobiliário, sem precisar de escolher cada ativo individualmente. Funcionam como uma espécie de “cesto de compras” de um determinado tipo de ativo.
Fundos de Ações: Focados em ações de diferentes setores e regiões, adequados para investidores que buscam crescimento a longo prazo.
Fundos de Obrigações: Reúnem várias obrigações, o que ajuda a diversificar o risco.
Fundos Mistos: Combinam ações e obrigações, oferecendo um equilíbrio entre risco e retorno.
4. Imobiliário
Investir no setor imobiliário é outra forma de diversificar uma carteira de investimentos. Isso pode ser feito através da compra direta de imóveis ou por meio de fundos imobiliários, que permitem investir em diferentes tipos de propriedades, sejam elas comerciais, residenciais, ou outras, sem precisar adquirir os imóveis físicos.
O imobiliário tem a vantagem de oferecer rendimentos regulares através de rendas e é uma boa proteção contra a inflação, uma vez que os preços dos imóveis tendem a aumentar com o tempo.
5. Matérias primas ou “commodities”
As Commodities são bens físicos como ouro, prata, petróleo, alimentos, entre outros. Estes ativos geralmente não se correlacionam com os mercados de ações e obrigações, o que significa que podem valorizar-se mesmo quando outros ativos estão a desvalorizar. Por isso, incluir commodities numa carteira ajuda a reduzir o impacto das crises económicas.
Metais preciosos: Como o ouro e a prata, são considerados “ativos de refúgio” e tendem a valorizar-se em tempos de incerteza.
Agricultura e Energia: São mais voláteis, mas podem oferecer retornos significativos dependendo da procura e da oferta global.
6. Criptomoedas
Embora sejam um ativo relativamente novo e altamente volátil, as criptomoedas têm atraído o interesse dos investidores que procuram diversificação. Bitcoin, Ethereum e outras moedas digitais apresentam uma correlação baixa com outros ativos tradicionais, o que significa que podem ser uma adição interessante para quem aceita um maior nível de risco.
No entanto, devido à sua volatilidade, é recomendável que as criptomoedas representem uma pequena parcela da carteira.
Dica: Muito cuidado com as fraudes e com o tipo de criptomoeda que escolhes para investir. Podes usar etfs para ter exposição a este ativo.
Passo 4: Distribua os Ativos de Acordo com o Perfil de Risco
Uma vez definidos os tipos de ativos, é importante determinar a percentagem que cada um representará na carteira. O perfil de risco do investidor desempenha um papel fundamental na alocação de ativos:
Investidores Conservadores: Uma carteira conservadora pode ter cerca de 70% a 80% em obrigações e 20% a 30% em ações e fundos de baixo risco.
Investidores Moderados: Para um perfil moderado, uma alocação de 50% em obrigações, 40% em ações e 10% em fundos imobiliários pode oferecer um bom equilíbrio.
Investidores Agressivos: Investidores dispostos a correr riscos podem alocar 70% em ações, 20% em imobiliário e 10% em commodities ou criptomoedas.
A chave é ajustar a distribuição de ativos para refletir os objetivos financeiros, o perfil de risco e o horizonte temporal de cada investidor.
Passo 5: Reavalie e Rebalanceie a Carteira Regularmente
A diversificação não é um processo estático. Com o tempo, a composição da carteira pode mudar devido a flutuações nos valores dos ativos. Por isso, é importante reavaliar e rebalancear a carteira periodicamente, ajustando a alocação de ativos para que continue alinhada aos objetivos e ao perfil de risco.
O rebalanceamento pode ser feito a cada seis meses ou anualmente, e envolve vender ativos que cresceram muito e comprar aqueles que estão sub-representados, mantendo a diversificação.
Passo 6: Considere Fundos de Índice e ETFs
Para quem quer diversificar uma carteira de investimentos de forma simples e barata, os fundos índice e ETFs (Exchange-Traded Funds) são excelentes opções. Estes fundos replicam o desempenho de um índice de mercado, como por exemplo o S&P 500, oferecendo uma exposição ampla a diversos setores e empresas.
São fáceis de negociar, têm taxas de gestão baixas e são ideais para quem quer uma diversificação imediata e sem complicações.
Passo 7: Evite “Excesso de Diversificação”
Embora a diversificação seja essencial, o “excesso de diversificação” pode diluir o potencial de retorno. Investir em muitos ativos diferentes torna difícil acompanhar o desempenho e aumenta os custos de gestão. A diversificação eficaz significa escolher ativos que realmente tragam valor à carteira e que sejam capazes de proteger o capital contra os riscos específicos de cada setor ou mercado.
Como filosofia, gosto muito da abordagem KISS (Keep It Stupid Simple).
Conclusão
Diversificar uma carteira de investimentos é um elemento fundamental na criação de uma estratégia de investimento sólida e resiliente. Ao distribuir o capital entre diferentes ativos e setores, reduz-se o risco global e aumenta-se a probabilidade de obter retornos consistentes ao longo do tempo. Ao definir objetivos claros, compreender o perfil de risco e escolher os ativos certos, é possível construir uma carteira adaptada às necessidades indíviduais de cada investidor e que ofereça segurança financeira.
A diversificação exige atenção e disciplina, mas os benefícios compensam pela maior estabilidade nos rendimentos, proteção contra crises, e a oportunidade de alcançar os objetivos financeiros com mais confiança. Para o investidor, a diversificação é um passo essencial para garantir uma vida financeira equilibrada, sustentável e sem grandes dores de cabeça.