Gerir as nossas finanças pessoais é uma tarefa fundamental para garantir a segurança financeira, com foco no longo prazo.
No entanto é comum cometer erros ao longo deste trajeto, pelas mais variadas razões. Seja a falta de conhecimento, organização, disciplina ou outra coisa qualquer não vais querer cometer um erro que pode ser evitado.
Estas falhas podem prejudicar as nossas finanças, atrasar o cumprimento de metas e em casos mais graves, dar origem a dívidas que destroem completamente as finanças de uma vida.
Neste artigo, iremos abordar alguns dos erros mais comuns em finanças pessoais e fornecer dicas sobre como evitá-los, de forma a que possamos construir uma base financeira sólida e alcançar os nossos objetivos.
1. Falta de planeamento financeiro
Muitas pessoas vivem sem um planeamento financeiro claro, gastando de acordo com o que ganham sem pensar no futuro.
Viver o “agora” é muito mais fácil e apelativo do que aguardar pelos ganhos futuros.
Entretanto, a falta de um plano impede que consigas controlar as tuas finanças levando a um ciclo de gastos excessivos e dívidas.
Felizmente a forma de evitar isto é simples, mas exige trabalho e compromisso.
Criar um plano financeiro é o primeiro passo para melhorar as nossas finanças. Começa pela definição de metas financeiras claras, tal como, pagar dívidas, criar um fundo de emergência, poupar para a reforma e assim por diante.
Faz um orçamento detalhado, listando as receitas e despesas mensais.
Este planeamento permitirá visualizar onde estás a gastar o teu dinheiro e em que categorias podes cortar nos gastos desnecessários.
Existem várias ferramentas que te podem ajudar a organizar as tuas finanças, tal como aplicações de controlo financeiro, folhas de cálculo ou um simplas lápis e papel, que facilitam o registo e acompanhamento do teu orçamento.
2. Não possuir um fundo de emergência
Isto é das coisas que mais gosto de falar, pois já me poupou várias preocupações.
É um erro comum não ter uma reserva financeira para emergências, ou seja, não possuir um fundo de emergência.
Muitos acreditam que se não há problemas no presente, não há necessidade de se preocupar com o futuro. Contudo, os imprevistos acontecem quando menos se espera.
Seja uma emergência médica, uma reparação inesperada do carro ou a perda do emprego. Sem um fundo de emergência, podes ter de acabar ter de recorrer a dívidas ou esgotar as tuas economias necessárias para o resto do mês.
Evitar este erro é fácil e basta criar um fundo de emergência!
O recomendado é possuir dinheiro suficiente para cobrir 6 a 12 meses de despesas básicas.
Para construir esse fundo, podes começar poupando uma pequena quantia todos os meses até atingires o valor pré definido por ti.
Não te esqueças de guardar esse dinheiro numa conta de fácil acesso, como uma poupança ou um investimento de renda fixa de baixo risco, que seja fácil mobilizar, de forma a que possa ser utilizado quando necessário, mas que ainda gere algum rendimento.
3. Viver acima das possibilidades
Muitas pessoas caem na armadilha de viver acima das suas possibilidades, gastando mais do que ganham para manter um certo padrão de vida ou para satisfazer desejos imediatos.
Isso muitas vezes leva ao uso de crédito e à acumulação de dívidas, criando um caminho financeiro desastroso.
Neste caso, a regra de ouro das finanças pessoais é viver abaixo das suas possibilidades.
Isso significa gastar menos do que ganhas e evitar compras desnecessárias, especialmente aquelas feitas por impulso.
Avaliar o estilo de vida e ajustar as expectativas financeiras é essencial.
Priorizar as despesas com base no que realmente é necessário e fundamental, pois tens de evitar assumir compromissos financeiros que não consegues sustentar.
Uma boa prática é “pagar-se primeiro”, ou seja, antes de gastar com lazer ou compras, destina uma parte da sua renda para poupança ou investimento.
Assim, fica mais protegido de dívidas desnecessárias de forma a iniciar a construção de uma base financeira mais sólida.
4. Uso indevido do cartão de crédito
O cartão de crédito é uma ferramenta financeira útil, que é imprescidivel para utilizar certos serviços e tem muitas vezes associado seguros úteis ou pequenas prendas como cashback ou milhas.
Infelizmente, se mal utilizado pode ser extremamente danoso para a saúde financeira.
Muitas pessoas tratam o limite do cartão como uma extensão dos seus seus rendimentos, acumulando dívidas e pagando apenas o valor mínimo exigido.
Isso pode gerar rapidamente um bola de neve de dívidas com os juros altíssimos geralmente associados a este tipo de produto.
É fundamental usar o cartão de crédito de maneira consciente, sempre considerando o quanto realmente pode-se pagar no fim de cada mês.
Há sempre pequenas dicas, como evitar usar o cartão de crédito para compras não essenciais ou para cobrir gastos que não cabem no orçamento.
Pagar a fatura na integra todos os meses de forma de evitar os juros e o aumento das dívidas.
Entretanto se já possuis dívidas devido ao uso do cartão de crédito, foca-te primeiro em eliminá-las o mais rápido possível.
Se necessário entra em contato com o prestador dos serviços bancários e negocia prazos e condições ou considera transferir a dívida para um crédito com taxas menores, como um empréstimo pessoal (consulta um profissional antes de tomares qualquer decisão).
Se não consegues utilizar bem o teu cartão de crédito é porque provavelmente não ter um.
Se te encontras nesta situação e tens de fazer uma compra onde é exigido o cartão de crédito, há sempre a opção de criar um cartão de crédito pré-pago, o qual carregas com o valor que necessitas.
5. Falta de controlo sobre pequenos gastos
Por vezes quase imperceptíveis, os pequenos gastos diários, como um café ou pequenas compras por impulso, podem parecer inofensivas, mas corroer lentamente o dinheiro.
Estes pequenos gastos, quando somados, podem consumir uma parte significativa do teu orçamento mensal.
Os pequenos gastos podem ser os maiores vilões de um orçamento pessoal. De forma a evitá-los, é importante ter consciência de cada gasto, por menor que seja.
Cria o hábito de anotar estas pequenas despesas ou utiliza aplicações que categorizam automaticamente os teus gastos.
Estabelece limites para gastos variáveis, como o lazer e a alimentação fora de casa e procura alternativas mais económicas.
Ao identificar os gastos supérfluos, pode ser possível redirecionar esse dinheiro para objetivos mais importantes, como a poupança ou investimentos.
6. Ignorar a importância de investir
Vamos ser realistas, quando começamos a investir tudo parece díficil e o medo de perder dinheiro é enorme.
Por esta razão muitas pessoas poupam dinheiro, mas não investem, o que significa perder a oportunidade de fazer o dinheiro crescer ao longo do tempo.
Deixar grandes quantias de dinheiro paradas na poupança, faz com que elas percam valor devido à inflação.
É por isso que Investir é uma das formas mais eficazes de fazer seu dinheiro trabalhar para ti.
Warren Buffet tem uma frase famosa que nos diz “se não arranjares uma maneira de colocar o teu dinheiro a trabalhar para ti, vais ter de trabalhar até morrer”.
No entanto, antes de começares a investir dinheiro, é importante investires em ti e educares-te financeiramente.
Existem vários tipos de investimentos adequados para diferentes perfis de risco, como produtos de renda fixa (Contas poupança, Certificados de Aforro) para perfis mais conservadores, ou produtos de renda variável (ações, fundos imobiliários, criptomoedas, entre outros) para os mais agressivos.
Começa por definir as tuas metas financeiras e o teu perfil de risco. Escolhe investimentos que compreendas e se alinhem a eles.
Não vais querer seguir a dica do condutor do táxi, que está em alta nas redes sociais ou que aparece nas notícias só porque alguém diz que é um bom investimento.
Tens mesmo de compreender onde vais investir o teu dinheiro
Lembra-te que, quanto mais cedo começares a investir, maior será o efeito dos juros compostos ao longo do tempo.
7. Acumular dívidas desnecessárias
Muitas pessoas caem na armadilha de acumular dívidas por diferentes razões.
Seja para financiar um estilo de vida que não podem suportar, ou porque simplesmente não conseguem administrar suas finanças de uma forma eficaz, este é um problema grave que tem de ser evitado.
Comprar em prestações ou usar o cartão de crédito para fazer compras fracionadas pode ser conveniente, mas também pode gerar grandes problemas quando mal administrado.
Tens de te capacitar que uma prestação é sempre uma dívida.
Provavelmente vais ter de contrair em algum momento da tua vida de uma dívida e isso não tem mal nenhum. No entanto, é preciso discernimento para evitar dívidas desnecessárias.
Este “mindset” é crucial para manter a tua vida financeira saudável.
Antes de assumires qualquer nova dívida, pergunta-te se é realmente necessário e se tens a capacidade de pagar sem comprometer o teu orçamento.
Quando possível, evita compras fracionadas no cartão de crédito (este tem geralmente os juros mais altos), e dá primazia ao pagamento a pronto.
Se infelizmente já possuis dívidas, a prioridade é fazer-lhes desaparecer. Por exemplo, começando pelas que têm juros mais altos e gradualmente passar às que têm juros mais baixos (este é o método mais eficiente conhecido por “Avalanche”).
Criar o hábito de guardar dinheiro (fundo da felicidade) para compras maiores, o que também ajuda a evitar a necessidade de te endividares no futuro.
Não vais querer pagar uma férias a crédito para te esfolares o resto do ano a pagar.
Experimenta guardar 1000€ por exemplo para comprar um telefone topo de gama, quando finalmente fores comprar muito provavelmente vais achar difícil largar 1000€ assim de uma vez.
8. Não planear a reforma
Muitas pessoas não planeiam sua reforma enquanto são jovens, acreditando que ainda têm muito tempo para isso.
Confiam nos governos para fazer isso por eles, mas se lerem um pouco sobre a sustentabilidade do sistema de pensões vão ficar no mínimo alarmados com as previsões.
Entretanto, quanto mais tarde começares a poupar para a reforma, mais difícil será acumular o montante necessário para manteres o nível de vida desejado no futuro.
Planear a reforma deve ser uma prioridade desde cedo. Não contes apenas com a Segurança Social, pois ela pode no futuro não ter fundos suficientes para pagar o suficiente de forma cobrir todas as tuas necessidades na velhice.
Algumas soluções são investir em planos poupança reforma ou em outros investimentos de longo prazo, como por exemplo ações e fundos imobiliários.
Não faltam produtos bons para isso, desde que estejas disposto a fazer os trabalhos de casa.
Quanto mais cedo começares a investir para a reforma, menor será o esforço necessário, pois os juros compostos terão mais tempo para trabalhar.
Estabelece uma meta de quanto precisas para viver confortavelmente durante a tua reforma e trabalha para alcançá-la ao longo dos anos.
9. Subestimar o impacto da inflação
A inflação é terrível para o dinheiro, corrói o seu valor valor ao longo do tempo, e infelizmente muitas pessoas não levam isso em consideração ao planear suas finanças.
Deixar todo o dinheiro parado em contas que rendem abaixo da inflação é um erro comum que faz com que o teu património perca valor.
Para proteger as tuas economias da inflação, é fundamental investir em ativos que ofereçam rendimentos acima da inflação.
Produtos como ouro e fundos imobiliários são algumas das opções mais conhecidas para proteger o teu património.
Ao planear suas finanças de longo prazo, não descures a inflação e procura estratégias de investimento que mantenham ou aumentem o poder de compra do seu dinheiro.
10. Não avaliar o orçamento pessoal regularmente
Para fazeres isso primeiro tens de criar um orçamento. Infelizmente, muitas pessoas não o avaliam com regularidade desaproveitando o poder da orçamentação.
Esta falta de ação pode gerar desequilíbrios financeiros, já que as despesas e prioridades têm tendência a mudar ao longo do tempo.
Avaliar o orçamento pessoal regularmente, (de preferência uma vez por mês) é a única maneira de contrariar este erro.
Ajusta-o sempre conforme as necessidades, levando em conta mudanças nos teus rendimentos, despesas e metas financeiras.
Isto ajuda a garantir que continues no caminho certo, mantendo as tuas finanças sempre em ordem.
Podemos concluir que evitar erros financeiros, pode fazer (e geralmente faz) uma grande diferença no teu bem-estar financeiro a longo prazo.
Ao tomares decisões conscientes e aplicares as estratégias corretas, podes evitar grandes dor de cabeça, originadas por problemas que levam ao acumular de dívidas e à falta de controlo sobre tuas finanças pessoais.
Relembro que nada disto é aconselhamento financeiro.