Criar um bom orçamento pessoal é uma das melhores formas de tomar o controlo das tuas finanças pessoais e garantir que estejas no rumo certo para atingir os teus objetivos financeiros.
Um orçamento bem estruturado não ajuda apenas a controlar os teus gastos, mas também fornece-te a clareza sobre onde está o teu dinheiro, para onde está indo e como pode ser melhor utilizado.
Neste artigo, iremos explorar uma espécie de guia para criar um orçamento pessoal eficiente, discutir os benefícios desta prática e fornecer dicas valiosas para que consigas alcançar e manter uma disciplina financeira.
Como dizia um conhecido meu, “quando a motivação falha, a disciplina prevalece”.
Mas afinal o que é um Orçamento Pessoal?
Um orçamento pessoal é um plano financeiro que pretende espelhar detalhadamente as tuas receitas e despesas ao longo de um determinado período de tempo, geralmente mensal e anual.
Ele permite que consigas visualizar quanto dinheiro entra, quanto sai e mais importante, para onde está indo.
A ideia principal do orçamento é garantir que gastes menos do que ganhas e destines uma parte dos teus rendimentos para a poupança e investimentos.
Porque devo criar um orçamento?
Abaixo irei enumerar algumas razões pelas quais criar um orçamento é essencial para qualquer pessoa que deseje alcançar o sucesso financeiro.
1. Controlo Financeiro: Um orçamento dá clareza acerca das tuas finanças, permitindo que vejas claramente para onde o teu dinheiro está indo e se está a ser bem empregue.
2. Redução de Dívidas: Ao saber quanto podes gastar, reduzes exponencialmente a possibilidade de acumular dívidas.
3. Atingir Metas Financeiras: Um orçamento ajuda a planear as tuas finanças pessoais e a atingir os teus objetivos de longo prazo, tal como, comprar uma casa, um carro, viajar ou reformar-se mais cedo.
4. Preparação para Emergências: Com um orçamento, podes reservar uma quantia para emergências e imprevistos, ou seja, criar um fundo de emergência, que te evita a recorrer a empréstimos em caso de necessidade.
5. Paz de Espírito: Saber que as tuas finanças pessoais estão sob controlo, tem uma capacidade fabulosa de reduzir o stress causado por preocupações financeiras.
Como Criar um Orçamento Pessoal ?
Agora que já percebemos a importância de um orçamento, vamos ao passo a passo de como criar um orçamento pessoal e eficiente que funcione para ti.
1. Regista os teus rendimentos
O primeiro passo para criar um orçamento é entender qual é o teu rendimento total.
Isso inclui todas as fontes de rendimento, como salários, bónus, rendimentos de investimentos, rendas extra, aluguéis, vendas de garagem entre outros.
Caso os teus rendimentos variem de mês para mês, faz uma média dos últimos seis meses para tentares ter uma estimativa mais realista.
Ao calcular o teu rendimento total, é importante considerar o valor líquido, ou seja, o valor após impostos, contribuições e outras deduções.
Este será o montante disponível para cobrir as tuas despesas e atingir os teus objetivos financeiros.
Pessoalmente gosto de fazer esta soma arredondando por baixo, ou seja se vou receber 1050€ arrondondo para 1000€.
2. Regista as tuas Despesas Fixas e Variáveis
Depois de visualizar a tua receita, o próximo passo é listar todas as tuas despesas. Estas podem ser divididas em duas categorias: fixas e variáveis.
– Despesas Fixas: São todas aquelas em que tens de pagar todos os meses e que tendem a ser mais previsíveis, como aluguer ou prestação de uma habitação, financiamento do carro, plano ou seguro de saúde, contas de água, luz, gás e internet.
Essas despesas são geralmente obrigatórias e dificilmente podem ser eliminadas.
– Despesas Variáveis: São aquelas que mudam de mês para mês, como alimentação, transporte, lazer, roupas, entretenimento, entre outras.
Essas despesas oferecem uma maior flexibilidade e são as principais áreas onde provavelmente podes fazer alguns ajustes no teu orçamento. Muitas vezes com grandes ganhos no longo prazo.
De modo a listar essas despesas, podes verificar os teus extratos bancários, dos cartões de crédito ou débito dos últimos 30 dias, o que te dará uma boa ideia de quanto estás gastando em cada categoria.
3. Define as tuas Prioridades e Objetivos
Agora que já descobriste quanto ganhas e para onde vai o teu dinheiro, é hora de definir prioridades.
Isto envolve identificar o que é realmente importante para ti e onde pretendes alocar mais ou menos recursos.
Alguns exemplos de prioridades incluem:
– Pagar Dívidas: Se possuis dívidas com altas taxas de juros, como cartão de crédito, pagar essas dívidas deve ser a primeira prioridade. Pois estas funcionam como que uma âncora que te puxa para o fundo por mais que tentes tomar ar.
– Criar um fundo de Emergência: Num mundo perfeito, deverás ter uma reserva financeira que te permita cobrir seis a 12 meses de despesas básicas. Esse fundo é essencial para lidar com imprevistos.
– Poupar para Metas: Metas de longo prazo, como a compra de um imóvel, reforma ou educação dos filhos, devem ser consideradas no teu planeamento.
Ao definir essas metas, podes tomar decisões conscientes e informadas sobre a categoria que queres cortar nos gastos e onde investir mais dinheiro.
A título de exemplo se pretendes comprar um carro no próximo ano, não faz sentido investir em ações pois este instrumento financeiro é um investimento geralmente para mais de 5 anos.
Provavelmente vais querer colocar este dinheiro numa conta com capital garantido, que possas mobilizar na data prevista.
4. Organiza as tuas Despesas por Categorias
Para facilitar o controle do orçamento, divide as tuas despesas em categorias. Algumas categorias comuns incluem:
– Moradia (aluguer ou financiamento)
– Alimentação (supermercado, take away, comida ao domílio e restaurantes)
– Transportes (combustível, transporte público, manutenção de viaturas)
– Saúde (planos, consultas médicas, dentista, medicamentos), nesta categoria gosto de colocar os gastos com atividades desportivas.
– Entretenimento (lazer, hobbies)
– Poupança e Investimentos
– Dívidas
Essa categorização ajuda a visualizar para onde está indo a maior parte do teu dinheiro e a identificar áreas onde pode haver excessos.
5. Cria limites para cada Categoria
Com as tuas despesas organizadas, o próximo passo é atribuir um valor máximo para cada categoria.
Isso garante com que não gastes mais do que o planeado em áreas específicas.
Por exemplo, se estás a gastar muito com lazer, podes definir um limite para essa categoria e tomar medidas em consonância. Por exemplo, ir menos vezes ao cinema, cortar em plataformas de streaming, entre outros.
Ao mesmo tempo, podes aumentar o valor destinado à poupança ou investimentos, alinhando os teus gastos de acordo com as tuas prioridades e metas.
Lembre-te que o orçamento deve ser flexível o suficiente para acomodar despesas inesperadas ou variações nas despesas variáveis.
No entanto, é importante manter os gastos dentro dos limites definidos sempre que possível.
6. Acompanha os teus gastos frequentemente
Sabemos que isto é aborrecido inicialmente, mas depois de criares o teu orçamento, o passo mais importante é mantê-lo sob controle.
Acompanhar e registar os gastos diariamente ou semanalmente é fundamental para garantires que estás seguindo o teu plano financeiro.
Existem várias ferramentas e aplicações de controlo financeiro que podem ajudar-te a rastrear as despesas mais facilmente. Alguns exemplos incluem:
– Todos Contam: Um sitio na internet em português que permite o controle de receitas e despesas de forma simples, além de educação financeira.
– Money Flow: Uma app de controlo financeiro.
– Folhas de cálculo no Google Sheets ou Microsoft Excel: Se preferires um método manual, criar uma folha de cálculo personalizada também é uma ótima opção.
Independentemente da ferramenta que escolhas, o importante é que faças o acompanhamento com frequência e ajustes o orçamento sempre que necessário.
7. Avalia e ajusta o orçamento regularmente
O teu orçamento não é algo fixo. À medida que as tuas necessidades e metas mudam, o orçamento também deve ser ajustado.
Por exemplo, podes conseguir um aumento de salário, saldar uma dívida ou assumir uma nova despesa, como o financiamento de um imóvel.
Todos esses fatores impactam no orçamento e devem exigir ajustes.
Avalia o teu orçamento pelo menos uma vez por mês para verificar se ainda está alinhado com a tua realidade financeira.
Faz ajustes sempre que necessário e mantém a flexibilidade para lidar com mudanças inesperadas.
Dicas para Manter um Orçamento Pessoal Eficiente
Criar um orçamento dá trabalho mas é apenas o primeiro passo, pois o verdadeiro desafio é mantê-lo controlado e atualizado.
Aqui estão algumas dicas práticas para te ajudar a manter o orçamento pessoal a longo prazo:
– Evita compras por impulso: Antes de comprar algo que não estava planeado, pergunta-te se realmente precisas daquilo que pretendes adquirir.
– Usa a regra dos 30 dias: Para evitar gastos impulsivos, aguarda 30 dias antes de fazer uma compra. Isso ajuda a avaliar se o item é realmente necessário.
– Estabelece metas financeiras claras: Define metas de curto, médio e longo prazo. Ter um propósito para economizar faz com que seja mais fácil resistir à tentação de gastar em coisas desnecessárias.
– Recompensa-te de forma consciente: Ao cumprir metas financeiras, reserva uma pequena parte para lazer. Isso ajuda a manter o equilíbrio e torna todo o processo mais agradável (acreditamos que esta seja a chave para tudo dar certo).
– Avalia os teus serviços e assinaturas: Periodicamente, revê os teus gastos com assinaturas de revistas, streaming, fornecedores de internet, seguros, bancos, ou outros.
Cancela os serviços que não utilizas, que aches desnecessário ou que existam opções mais baratas e renegoceia.
Conclusão
Criar e manter um orçamento pessoal é uma das práticas mais importantes para alcançares a estabilidade financeira e o caminho para atingires as tuas metas a longo prazo.
Embora possa parecer difícil no início, com organização, disciplina e as ferramentas adequadas, qualquer pessoa pode ter o controlo das suas finanças pessoais.
Lembra-te de que o orçamento é uma ferramenta maleável, que precisa ser ajustada de acordo com as mudanças que impactam na vida financeira e que envolvam dinheiro.
Com o tempo, vais perceber que, além de economizar dinheiro, o orçamento ajuda a tomar decisões mais conscientes, trazendo mais tranquilidade e segurança para o futuro financeiro.
Agora que já sabes criar um orçamento eficiente, que tal começares hoje?